Revelação do wrestling vê Jogos Escolares como trampolim para Buenos Aires

Antes de estrear nos combates de wrestling nos Jogos Escolares da Juventude, Gabriel Teles de Nascimento, 15 anos, buscou uma forma inusitada de garantir um dinheiro extra para uso pessoal em Brasília. Líder do ranking nacional na categoria até 69kg, ele ajudou a limpar túmulos no Dia de Finados para complementar renda. A etapa de 15 a 17 anos da competição é estratégica para Gabriel, pois ele sonha representar o país nos Jogos Olímpicos da Juventude, que serão em Buenos Aires, em 2018, e precisa de vivência em torneios nacionais de qualidade para ganhar experiência.

Gabriel com seu técnico, Fabrício Xavier, durante a competição escolar disputada em Brasília. Foto: Breno Barros/ME

“Todo mundo fala que Dia de Finados é dia de lavar caixão no cemitério. Então, já que era para ir ao cemitério, aproveitei para levantar um dinheiro a mais para viajar, já que estava zerado de grana. Fui lá, trabalhei dois dias e levantei o dinheiro que precisava para gastos pessoais”, disse. A organização da competição garante a todos os participantes hospedagem e alimentação.

É a primeira vez que Gabriel vai encarar os combates na etapa 15 a 17 anos. Na etapa nacional de 12 a 14 anos, o jovem representou o Rio de Janeiro nas edições do Ceará, em 2015, e da Paraíba, em 2016. “Conquistei duas medalhas de bronze. Gosto de competir aqui. É o evento mais difícil, pelo grande nível dos adversários. Reúne os melhores do país. Confio em mim e quero o título. Meu sonho é representar o país nos Jogos Olímpicos da Juventude de Buenos Aires, em 2018. Competir aqui é um passo importante”.

“É um grande exemplo de motivação e vontade de vencer. Tudo começa aí. Fico feliz em saber que existem nessa geração pessoas determinadas e que acreditam nos sonhos”

Laís Nunes, embaixadora do wrestling na competição e representante do Brasil nos Jogos Rio 2016

O mentor de Gabriel é o professor Fabrício Xavier. Com quase 20 anos dedicados ao esporte, o treinador transmite a arte marcial, dá conselhos aos jovens, corre atrás de patrocinadores e até faz doação do próprio bolso para garantir a participação dos pupilos em campeonatos fora do Rio de Janeiro.

“A gente que trabalha na parte social do esporte sabe o quanto é difícil a missão. Estamos aqui não necessariamente por medalhas, mas por vidas. Tentamos passar a consciência de cidadania que o esporte proporciona, não somente a performance esportiva. A vivência aqui é muito significativa para os jovens, que podem sonhar com um futuro melhor”, analisou.

Referência

Laís Nunes, que representou o Time Brasil nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro no wrestling, elogiou a determinação do jovem carioca. “É um grande exemplo de motivação e vontade de vencer. Tudo começa aí. Ver jovens como o Gabriel é uma honra. Fico feliz em saber que existem nessa geração pessoas determinadas e que acreditam nos sonhos. Ele têm tudo para chegar longe”, elogiou.

Laís é tricampeã da Copa Brasil Internacional, tricampeã Pan-Americana e bicampeã Sul-Americana. Embaixadora dos Jogos Escolares, ela se surpreende em cada participação nos Jogos. “Nunca é igual. É muito bom ver o futuro da luta olímpica em ação. Isso me deixa feliz e confiante de que o esporte nacional valoriza a renovação dos atletas”, disse.

A modalidade estreou em 2012 nos Jogos Escolares da Juventude. As lutas são disputadas somente no estilo livre, no masculino e feminino. As categorias são divididas da seguinte forma: Peso Leve (LE), Peso Médio (ME) e Peso Pesado (PE). Os estudantes disputam dois torneios: o individual, nos dois gêneros, e o por equipe.

Em Brasília, a delegação do Rio de Janeiro conta com seis atletas, três no masculino e três no feminino. “Os Jogos Escolares têm ajudado na massificação do esporte no país, justamente por não ser um esporte tão conhecido como outros. Várias delegações estão começando a praticar e competir no wrestling por causa dos Jogos Escolares. Isso ajuda a difusão e massificação no esporte como um todo”, disse Fabrício.

Breno Barros, rededoesporte.gov.br