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11/07/2014 14h36

Apaixonada pelo tiro esportivo, Janice Teixeira mira no Pan

Atleta do tiro esportivo briga por vaga na fossa olímpica e sonha em ver o seu esporte em destaque nas olimpíadas

Atleta de tiro esportivo não precisa apenas de boa mira, mas de persistência. “O maior trabalho é mental e muito sofrido”, exemplifica a atleta Janice Teixeira, a gaúcha que começou no esporte no Clube Santo Huberto, de Bento Gonçalves, ainda em 1994, e segue na briga por vaga na fossa olímpica dos Jogos Pan-Americanos de Toronto 2015.

Foto: DivulgaçãoSe começou por acaso no esporte, Janice só continuou pela paixão, a ponto de pagar os próprios treinamentos, que não são baratos. Rapidamente conseguindo resultados: em 1998 estava na seleção brasileira e em 2003 foi bronze nos Jogos Pan-Americanos de São Domingos, na República Dominicana.

 “Tivemos um projeto muito importante em 2000, na Universidade de Caxias do Sul, do reitor Rui Pauletti, que alcançou 1.700 atletas, da base ao alto rendimento. Do tiro esportivo, éramos quatro pessoas. Foi um projeto muito importante”, diz Janice. “Nesse tempo, fui dez vezes campeã continental, mas na maior parte das vezes por investimento próprio”, disse.

Acompanhe a série do Portal Brasil 2016 sobre os Jogos Pan-Americanos:

Agora, morando no Rio de Janeiro, a atleta realiza seus treinos no Complexo Esportivo de Deodoro três a quatro vezes por semana, com cerca de 150 a 200 tiros ao dia. Uma série de 25 pratos custa R$ 15, a caixa de munição com 25 cartuchos, de R$ 25 a R$30. Para cada série são 35 cartuchos. “É um esporte muito caro”, resume.

Investimentos até “o final da corda”
No Brasil, Janice observa que o esporte nunca teve tanto reconhecimento. “O Ministério do Esporte está trabalhando bem, mas os investimentos ainda precisam chegar ao final da corda (aos atletas)”, diz.

“Temos uma vaga na fossa olímpica, mas dá para batalhar por mais. Eu, da minha parte e como boa gaúcha, vou lutar até o fim para ir.” Como comparação, os atletas da Itália, berço do tiro esportivo, treinam todos os dias da semana, completando oito séries. Na fossa olímpica, no caso das mulheres, outros países com atletas de destaque são Austrália, Eslováquia e, mais recentemente, Estados Unidos.

Agora em setembro Janice Teixeira estará no Mundial de Todas as Armas em Granada, na Espanha. Realisticamente, como diz, é possível pensar em ficar entre as 20 primeiras colocadas. Em outubro, há outro torneio importante – o Campeonato das Américas, em Guadalajara, no México – agora, as vagas para o Pan 2015 saem dessa competição.

Isenção de impostos é fundamental
 Janice Teixeira agora está importando uma espingarda calibre 12 (com peso de quatro quilos) da empresa italiana Perazzi (“A Ferrari da fossa olímpica”). A arma nova custa em torno de 7 mil euros  (R$ 22,7 mil) e “a isenção [de impostos de equipamentos esportivos] é fundamental. Se não fosse essa lei, haveria mais uns 50% em cima desse valor”, segundo a atleta, que treina e compete com uma espingarda da marca desde 1999.

“Para o tiro esportivo, o atleta precisa de muita força de vontade. É tudo contigo mesmo. Ou o prato sai rindo, ou se quebra. E são os teus ombros que têm de agüentar o peso de uma derrota. Por isso o trabalho é mais mental – claro, depois que se aprende a técnica”, afirma Janice.

“Vou lutar para ir aos Jogos do Rio 2016, mas meu sonho maior nem é esse”, acrescenta. “É ver meu esporte no lugar que merece, respeitado como esporte olímpico. Afinal, foi nosso o primeiro ouro brasileiro”, diz. Guilherme Paraense venceu a competição de pistola livre nos Jogos Olímpicos de Antuérpia 1920, na Bélgica, quando a equipe brasileira ainda foi bronze na modalidade.

Denis Mirás