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Ciclismo paralímpico

22/03/2018 22h49

Paraciclismo

Aos 44 anos, Telma Aparecida reencontra esperança no primeiro Mundial de Paraciclismo da carreira

Veterana na idade e caloura no alto rendimento, Telma vê no Mundial do Rio 2018 a oportunidade de imersão no paraciclismo

Muito acima do peso, Telma Aparecida Alves Bueno sofria com a falta de condicionamento físico. Para emagrecer, controlar a diabetes e melhorar a qualidade de vida, ela comprou uma bicicleta em 2012. Aos 38 anos, a ideia da praticante do ciclismo olímpico era focar na saúde. Porém, o que era para trazer tranquilidade, provocou uma mudança drástica nos seus planos. Dois anos depois, quando os resultados esportivos começaram a aparecer, ela teve que enfrentar o maior desafio de sua vida.

Depois de sofrer um acidente de bicicleta, Telma encontra no ciclismo a motivação para recomeçar. Foto: Dulgação/CBC

Dois dias antes de competir em uma prova nacional, um amigo convidou para treinar em uma rodovia. Era noite, garoava e a quase 50km/h, Telma encontrou um bueiro, desequilibrou e parou quando bateu em um poste. Com graves fraturas em diferentes partes do corpo, ela ficou quatro meses sem conseguir andar. A recuperação foi lenta.

"Fiz a cirurgia e depois de nove meses comecei a tentar a voltar a minha vida normal. Foi então que pedi ajuda a uma amiga para subir na bicicleta novamente. Ela foi correndo do meu lado e eu pedalando. Comecei a pedalar muito e ela ficou para trás. Foi quando redescobri o prazer de pedalar novamente depois do trauma", recorda.

Telma, que recebe o apoio financeiro do programa Bolsa Atleta do Ministério do Esporte, foi a primeira ciclista brasileira a posicionar a bicicleta e largar em uma final no primeiro dia do Campeonato Mundial de Paraciclismo 2018, nesta quinta-feira (22.03), no Velódromo no Parque Olímpico da Barra, no Rio de Janeiro. A competição segue até domingo, com entrada gratuita para a população.

Aos 44 anos, Telma não escondeu a empolgação de representar o país durante a competição mais importante da modalidade paralímpico. "Sei que a minha idade não é a mesma das minhas adversárias. É o meu primeiro mundial. Estou achando muito bom. Falei para o meu técnico que fiquei empolgada e desejo treinar muito mais. Já competi em Copa Brasil, Campeonato Brasileiro e aqui é o primeiro mundial de muitos que irei competir", projetou.

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Foto: Divulgação/CBC

Na pista que recebeu os melhores ciclistas do mundo durante os Jogos Olímpicos e Paralímpicos do Rio 2016, Telma alcançou a velocidade máxima de 38,98km/h e cruzou a linha de chegada na prova do contrarrelógio C5 500m com o tempo de 46s16. Na classificação final, terminou a participação na 11ª colocação. "Hoje fiz um tempo que eu não queria ter feito. Mesmo assim é uma sensação única competir aqui no Velódromo dos Jogos Paralímpicos Rio 2016. O meu desejo de me dedicar ao esporte só aumentou depois de competir aqui", revelou.

No Mundial, a prova de 500 metros é decidida no detalhe, com diferença de segundos entre as ciclistas. A medalha de ouro ficou com a holandesa Caroline Groot, com o tempo de 36s57 e velocidade máxima de 49,21km/h. A prata foi para a chinesa Jufang Zhou em 38s32 e o bronze com a atleta da Argentina Mariela Delgado, com 38s68.

Recomeço
Depois do acidente, o ciclismo entrou novamente na vida de Telma em 2015, quando descobriu que mesmo com as limitações físicas poderia voltar a pedalar, trocando o ciclismo olímpico pelo paralímpico. "Quando caí não sentia o meu braço. Por muito tempo me perguntava se o meu braço iria voltar ao normal. Pensava que eu iria dormir e ao acordar os meus movimentos iriam voltar ao normal. Até aquele momento eu não me imaginava uma pessoa com deficiência", disse.

O Mundial é composto por três provas em cada umas das categorias – Tandem (para cegos), C1, C2, C3, C4 e C5 (para pessoas com deficiências físico-motoras e amputados) tanto no masculino quanto no feminino. Além disso, há uma prova de Sprint com equipes mistas.

O Mundial de Paraciclismo de Pista é uma realização da CBC, com suporte da Autoridade de Governança do Legado Olímpico (AGLO), autarquia vinculada ao Ministério do Esporte, e do Comitê Paralímpico Brasileiro.

Do Rio de Janeiro, Breno Barros, Rededoesporte.gov.br