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Atletismo

16/02/2018 10h50

Coreia do Sul

Ano Novo, sonho realizado: Victor Santos completa a prova do esqui cross-country em PyeongChang

Atleta revelado por projeto social em São Paulo faz sua estreia em Olimpíadas no primeiro dia do calendário lunar

 

Há quatro anos, o então adolescente morador da comunidade de São Bento, nos arredores da Cidade Universitária, em São Paulo, nem de longe imaginaria que uma data especial na Coreia do Sul seria o dia mais emocionante de sua vida. Pois foi no Seol-nal - o feriado que marca o início do ano no calendário lunar - que o paulista Victor Santos tornou-se atleta olímpico. Nesta sexta-feira (16.02), o jovem de 20 anos superou o nervosismo inicial da largada e completou a prova dos 15km do esqui cross-country dos Jogos Olímpicos de Inverno PyeongChang 2018.

Foto: Abelardo Mendes Jr/rededoesporte.gov.br

Revelado pelo Projeto Social Ski na Rua e treinado por Leandro Ribela - mentor da ONG e representante do Brasil na modalidade em Vancouver 2010 e Sochi 2014 -, Victor terminou o percurso com o tempo de 47min09s9, na 110a colocação. "A pista estava muito dura. Cansei e senti um pouco a perna, mas aproveitei cada momento da corrida", afirmou Victor, logo após a prova.

O ouro ficou com o suíço Dario Cologna (com o tempo de 30min31s7), seguido pelo norueguês Simen Krueger (30min49s9) e pelo atleta olímpico da Rússia Denis Spitsov (31min00s8).

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"Na hora da largada, eu estava um pouco nervoso. Em toda prova você acaba ficando. Ainda mais em uma situação dessa. Tem dois anos que eu acordava pensando na Olimpíada, treinava pensando na Olimpíada e ia dormir pensando na Olimpíada", contou o atleta.

Com cinco graus negativos no termômetro e ainda com o uniforme de competição, Victor não reclamava da sensação gelada. "Frio é o de menos. O importante é estar aqui, representar o Brasil e ser feliz, né?"

E ele realmente estava feliz. A história de sua vida foi repetida em várias emissoras de TV do mundo inteiro. Jornalistas da América do Sul vieram cumprimentá-lo ao fim da prova.

Foto: Gustavo Harada/COB

Victor é o primeiro integrante do Ski na Rua a chegar em uma Olimpíada. O projeto permite que jovens carentes da São Remo conheçam a modalidade por meio do rollerski - esqui com rodinhas, próprio para treinos em asfalto. Antes de ingressar no projeto, Victor lavou carros na rua, foi flanelinha e trabalhou como empacotador de supermercado.

"Quando conheci o rollerski, era só por diversão. Depois de dois anos, comecei a treinar de maneira séria mesmo. Agora sou um atleta olímpico. É até difícil de encontrar palavras para descrever o que é ser um atleta olímpico. É dedicação, esforço, dar 100% de si e incorporar os valores do olimpismo", falou Victor.

Mal terminou um, ele já pensa no próximo ciclo olímpico. Perguntado se pretende se classificar para Pequim 2022, responde sem piscar. "Comecei no esporte há quatro anos e nunca pensaria que conseguiria chegar aqui. Treino com seriedade há dois anos. É pouco tempo, eu sei. E já estou aqui em uma edição dos Jogos Olímpicos. Tenho outros objetivos que não alcancei. Quero me dedicar mais aos treinos, quero sentir mais essa sensação de estar nos melhores eventos e quero melhorar meus resultados".

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A modalidade

O esqui cross-country é um esporte de endurance (resistência). No programa olímpico, há provas desde o sprint – prova mais rápida do esqui cross-country, com 1,4 km em PyeongChang – até provas de 50 km - o equivalente à maratona. A modalidade é praticada em dois estilos: o clássico (com esquis sempre em paralelo) e o livre (skate, similar ao movimento de patinar). Essas duas técnicas se alternam a cada edição dos Jogos Olímpicos. A prova de 15 km em Sochi, que foi disputada no estilo clássico, em PyeongChang foi no estilo livre. A modalidade está presente no programa olímpico desde a primeira edição de Inverno, em Chamonix, na França, em 1924.

De PyeongChang (Coreia do Sul), Abelardo Mendes Jr - rededoesporte.gov.br