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15/03/2018 09h15

Jogos Paralímpicos de Inverno

André encara o banked slalom e a meteorologia no snowboard

Chuva e clima quente em PyeongChang complicam treino final. Atletas aguardam ansiosos a neve prevista para a madrugada

Depois da frustração pela performance prejudicada pelo mau funcionamento do portão de saída no snowboard cross-country, o brasileiro André Cintra tem uma última chance de sair de PyeongChang mais realizado. O paulista de 38 anos é um dos 13 inscritos de dez países na prova de banked slalom dos Jogos Paralímpicos, que será disputada a partir das 10h desta sexta-feira no Centro Alpino de Jeongseon, na Coreia do Sul. No Brasil, o evento é a partir das 22h desta quinta (15.03). O rededoesporte.gov.br vai transmitir ao vivo pela capa do portal, a partir do sinal original do Comitê Paralímpico Internacional. 

No banked slalom, cada atleta tem a chance de fazer três descidas. A melhor delas é computada para definir os três medalhistas. O modo de disputa é similar ao do slalom no esqui. Os snowboarders precisam passar entre 28 portões (bandeiras azuis e vermelhas que sinalizam o trajeto) em 14 curvas num percurso com 707 metros de extensão. Eles iniciam a descida numa altitude de 707 metros e terminam em 545m.

André se despede dos Jogos Paralímpicos na prova desta sexta-feira em PyeongChang. Foto: Daniel Basil/MPIX/CPB

Por todos os aspectos reunidos, é uma prova que exige uma combinação de técnica e precisão. Um desafio maior em função da imprevisibilidade climática na Coreia do Sul nos últimos dias. Nesta quinta-feira, em PyeongChang, a condição meteorológica se encaixaria melhor no rótulo de primaveril, com temperatura na faixa dos 15 graus positivos e muita chuva.

"Se nevar, conforme previsto, a pista vai estar melhor e fica mais fácil pensar na prova como um todo"
André Cintra

"Essas condições não são ideais, mas felizmente os responsáveis pela organização têm muita experiência em trabalhar com esse tipo de neve e vários recursos para manter o percurso funcionando", afirmou Ryan Rausch, treinador do brasileiro.

Ainda assim, a prática desta quinta ficou prejudicada. "A pista estava encharcada, molhada, com partes de gelo. Aí você tem de olhar para além da curva e perceber rapidamente onde está duro e onde está mole", definiu André.

A maior esperança dele e de muitos outros atletas estava exatamente na previsão do tempo. Havia chance de nevar na cidade na madrugada desta sexta, o que ajudaria a melhorar as condições esportivas do evento. "Se nevar, conforme previsto, a pista vai estar melhor e fica mais fácil pensar na prova como um todo", afirmou André.

Mesmo com todos os ingredientes de adversidade e ressaltando que esta será apenas a terceira prova oficial de banked slalom de André, o treinador dele avalia que dá para pensar no top 10. "Eu realmente quero ver ele andando suavemente pelo percurso e, na melhor das descidas, conseguir chegar ao top 10".

Categorias

O snowboard paralímpico foi a modalidade que mais cresceu no programa dos Jogos entre Sochi e PyeongChang. Eram dois eventos com medalha em 2014, na Rússia, na estreia da modalidade, ainda integrada como parte do programa do esqui alpino. Desta vez, o esporte ganhou independência e dez eventos com pódio. Os atletas são divididos em categorias que levam em conta se a lesão é nos membros superiores (braços) ou inferiores (pernas), além do tipo de limitação que as deficiências impõem.

André Cintra, por exemplo, compete na classe LL1, que reúne atletas com limitações de mobilidade nas pernas. Ele sofreu um acidente de moto aos 17 anos e precisou amputar a perna direita acima do joelho. Em 2010, se interessou pelo snowboard e resolveu se aventurar. É  o atleta mais experiente entre os três da delegação nacional. O snowboarder esteve também Sochi. Na ocasião, ficou em vigésimo oitavo entre 33 participantes. 

Problema reconhecido

Em coletiva de imprensa nesta quinta-feira (15.03), os organizadores dos Jogos Paralímpicos admitiram que o problema com os portões de saída do snowboard causaram desconforto para atletas, público e emissoras. "A Omega é responsável por aqueles portões de saída. Eles iniciaram uma investigação assim que acabou a competição. Nós exigimos deles uma atualização rápida porque o que ocorreu foi longe do ideal", afirmou Craig Spence, diretor de mídia do Comitê Paralímpico Internacional (IPC).

Um dos principais prejudicados com o episódio foi o brasileiro André Cintra. O problema ocorreu exatamente na hora de sua descida. Com as idas e vindas da organização para decidir se seguiria ou não com a prova, ele afirmou ter perdido a concentração e o foco. Na primeira curva, sofreu uma queda e foi eliminado nas oitavas de final pelo japonês Daichi Oguri.

"O snowboard tem seu lugar ao sol uma vez a cada quatro anos e acho que estava sendo uma chance espetacular de visibilidade para a modalidade. Não é ideal ter os atletas parados no topo da montanha por uma hora. Tínhamos casa cheia naquela hora. Foi frustrante porque quando a competição foi finalmente retomada, muita gente acabou tendo de ir embora sem ver as finais. As emissoras ficaram igualmente frustradas porque a competição estava seguindo de forma fantástica até aquele instante e o momento se perdeu", afirmou o diretor de mídia do IPC.

Gustavo Cunha, de PyeongChang, na Coreia do Sul, com informações do CPB - rededoesporte.gov.br