Ana Marcela é bronze no Mundial de Maratonas Aquáticas

Medalha conquistada na Hungria é a décima primeira do país na modalidade, a sétima da nadadora baiana

Apontada como uma das grandes possibilidades de medalha para o Brasil nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, Ana Marcela amargou um décimo lugar em casa em 2016. Menos de um ano depois, contudo, demonstrou o porquê de as fichas apostadas nela fazerem tanto sentido. Neste domingo, a brasileira conquistou o bronze no Mundial de Desportos Aquáticos, disputado em Balatonfüred, na Hungria. A brasileira subiu ao pódio em terceiro ao lado da italiana Arianna Bridi. Ambas completaram os 10km em águas abertas com 2h00min17s2. A prata ficou com a equatoriana Samantha Arevalo (2h00min17s) e o ouro, com a francesa Aurelie Muller (2h00min13s).

: Pódio da prova dos 10km da maratona aquática no Mundial da Hungria. Foto: Satiro Sodré/SSPress/CBDA

"Depois do décimo lugar na Olimpíada, não tive resultados bons, mas isso me deixou tranquila por não chegar como favorita. Isso me tirou um peso"

A medalha de Ana Marcela mostrou o quanto a modalidade tem consistência em nosso país. Nos Jogos Rio 2016, outra brasileira, Poliana Okimoto, subiu ao pódio com o bronze. Em Mundiais, esta foi a 11ª medalha nacional na modalidade. “Conquistar esse resultado aqui foi sensacional. Depois do décimo lugar na Olimpíada eu não tive resultados bons, mas isso me deixou até tranquila por não chegar como favorita. Cheguei sendo a Ana Marcela que foi campeã mundial e fez um monte de coisas, mas não como favorita. Isso me tirou um peso das costas”, disse a atleta, beneficiada pelo Bolsa Pódio, do Ministério do Esporte.

Ana explicou que usou como tática não se afastar do primeiro pelotão durante a primeira metade da prova. Sua pior colocação durante as mais de duas horas de prova foi a 10ª posição. A partir daí, permaneceu no “bolo”, disputando a cada braçada com Arianna e a quinta colocada, a também italiana Rachele Bruni, prata nos Jogos do Rio de Janeiro. A prova no Lago Balaton contou com 62 atletas e água a 22 graus.

: Brasileira durante a reta final dos 10km. Foto: Satiro Sodré/SSPress/CBDA

A maratonista brasileira também falou sobre sua cirurgia para retirada do baço e todo o trabalho que precisou ter para voltar ao alto nível. Com problemas nos níveis de plaquetas desde 2014, ela hoje está recuperada e pronta para seguir na carreira vitoriosa. “Tive que ter paciência, nenhum trabalho é feito da noite para o dia, sempre um degrau de cada vez. A cirurgia ficou no passado, estou 110% com a saúde. Da Olimpíada até hoje foi quase um ano. Passei por uma cirurgia, ouvi um monte de coisas, acharam que eu estava derrotada. Ter um resultado desse é muito bom. Quero agradecer meus patrocinadores, meu clube, que confiou em mim depois da Olimpíada, continuou comigo mesmo com troca de técnico. Essa confiança não tem preço”, disse a atleta da Unisanta.

Ana Marcela voltou recentemente a treinar com Fernando Possenti, seu técnico no Mundial de Barcelona 2013. “Voltamos a trabalhar tem pouco tempo, mas nos conhecemos bem. Ela estava muito concentrada para essa prova e depois do resultado de Setúbal, etapa da Copa do Mundo, ela se motivou mais. Mesmo com o quinto lugar, na análise do vídeo ela viu que conseguiu tirar quase cinco segundos do primeiro pelotão e sentiu que estava na briga”, afirmou Possenti.

: Para o técnico Fernando Possenti, Ana Marcela estava muito concentrada e confiante. Foto: Satiro Sodré/SSPress/CBDA

Peso Sul-Americano

A equatoriana Samantha, de 23 anos, foi a grande surpresa. Ela começou em 46º lugar, passou a 48º e foi descendo drasticamente no meio da multidão de braçadas até entrar no primeiro grupo e despontar para a segunda colocação. Samantha treina na Itália, com o mesmo técnico de Amanda Bardi e Rachele Bruni, Fabrizio Antonelli. Ela está desde dezembro em Roma. “Trabalhei muito duro para esta competição. É o meu segundo Mundial e a primeira vez na Hungria. Estou feliz e surpresa com este segundo lugar”, contou.

A francesa Aurelie disse não ter sentido a pressão por ter sido campeã há dois anos. Segundo ela, sua preocupação foi apenas em se concentrar em sua prova, em seu nado. Ela ficou de fora do pódio olímpico no Rio de Janeiro porque, na chegada, apoiou-se na segunda colocada para bater na frente no pórtico de chegada. A brasileira Poliana Okimoto, que vinha logo em seguida na quarta posição, herdou o bronze, a primeira medalha feminina olímpica dos esportes aquáticos do Brasil. Nenhuma das medalhistas no Rio subiu ao pódio em Budapeste. Poliana não está na competição, a holandesa Sharon van Rouwendaal terminou na 16ª posição e Racheli Bruni terminou em quinto.

Estreando no Campeonato Mundial, Viviane Junglut, de 21 anos, conseguiu acompanhar o pelotão nas duas primeiras voltas, mas na metade do percurso ficou presa no segundo pelotão. Terminou em 12º. “Cheguei com a certeza de que fiz o meu melhor. Foi minha primeira prova neste nível e acabei me desgastando um pouco mais na primeira e segunda volta”, analisou Viviane Jungblut.

O Brasil terá representante em todas as provas de Maratonas no Mundial. Nesta terça será a vez de Allan do Carmo e Fernando Ponte nos 10km masculino.