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12/12/2018 22h03

Paralímpicos 2018

Ricardinho e Alana Maldonado são os destaques do Prêmio Paralímpicos

Campeões mundiais em 2018, atletas do futebol de cinco e do judô foram considerados os melhores do ano. Igor Barcellos, da bocha, foi o Atleta da Galera, com 44% dos votos

Um dia de "happy hour no escritório" para homenagear os melhores do ano. Pela primeira vez o Centro de Treinamento Paralímpico, em São Paulo, foi palco do Prêmio Paralímpicos, homenagem feita anualmente a atletas, técnicos, dirigentes e colaboradores que se destacam na temporada. O CT recebeu, ao longo de 2018, mais de 20 mil atletas e 260 eventos do esporte adaptado, entre torneios de iniciação, das categorias de base e do alto rendimento, além de diversos instantes de treinamentos.

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Alana Maldonado e Ricardinho: títulos mundiais e reconhecimento. Foto: Abelardo Mendes Jr./rededoesporte.gov.br

Ricardinho, do futebol de cinco (para deficientes visuais), e Alana Maldonado, do judô, foram eleitos os atletas paralímpicos do ano. "Uma andorinha só não faz verão. Eu queria realmente dividir esse prêmio com os companheiros da seleção brasileira, que tornaram isso possível", afirmou Ricardinho, destaque na conquista do pentacampeonato mundial da Seleção Brasileira em Madri, na Espanha. Além de ter sido artilheiro da competição, o gaúcho de Osório sagrou-se campeão nacional por seu clube, a Agafuc-RS. É a primeira vez que um atleta do futebol de 5 fatura a principal categoria do Prêmio Paralímpicos. O atleta completa 30 anos no sábado. Ele perdeu a visão aos seis, em função de um descolamento de retina.

"Desde que entrei no judô sonhava com esse momento e fiz história ao conquistar a primeira medalha de ouro paralímpica no Mundial de Judô"
Alana Maldonado

Nascida em Tupã, no interior de São Paulo, Alana Maldonado conquistou o título de melhor atleta feminina pelo segundo ano consecutivo. Nesta temporada, a judoca de 23 anos faturou o inédito título mundial para o Brasil, com a vitória na categoria até 70kg. Além disso, foi ouro no Open Internacional na Alemanha e no Brasil. "Desde que entrei no judô sonhava com esse momento e fiz história ao conquistar a primeira medalha de ouro paralímpica no Mundial de Judô", disse a atleta, que possui baixa visão em decorrência da doença de Stargardt, descoberta quando tinha 14 anos.  "Foi uma temporada realmente especial. Agora é manter a sequência do trabalho porque o sonho é chegar ao ouro olímpico em Tóquio", disse Alana Maldonado. 

O evento também rendeu homenagens aos destaques individuais em todas as modalidades do programa paralímpico (veja lista abaixo). Os 25 premiados são integrantes do Bolsa Atleta, do Ministério do Esporte. São 16 beneficiários da categoria Pódio (a mais alta do programa), seis da Paralímpica, um da Internacional e dois da Nacional. Houve, ainda, uma premiação especial para Igor Barcellos, da bocha. Ele venceu com 44% dos votos o Atleta da Galera, em votação realizada pela internet. Igor competia com André Rocha, do atletismo, e Evellyn Ramos, da natação.

Entre os treinadores, Denilson Lourenço, técnico de Alana Maldonado, foi o melhor em modalidades individuais. Nas coletivas, o troféu foi para Alessandro Tosim, que ajudou a levar a seleção brasileira de goaball ao título mundial masculino e à vaga antecipada para os Jogos Paralímpicos de Tóquio, em 2020. A festa foi transmitida ao vivo pelo canal Sportv. 

Igor, da bocha, venceu o prêmio de Atleta da Galera. Foto: Abelardo Mendes Jr./rededoesporte.gov.br

"Foi um ano de muitas conquistas para celebrar. Nas canchas esportivas, foram 19 medalhas em mundiais, com ouros no futebol de cinco, no goalball, na canoagem, no judô e no ciclismo", afirmou o presidente do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), Mizael Conrado. "Também temos razões para comemorar no plano da iniciação, com o projeto do Centro de Formação Paralímpica. Temos 500 crianças inscritas fazendo esporte no CT diariamente. O futuro do esporte paralímpico mundial e brasileiro está aí", completou.

História e memória

O prêmio Aldo Miccolis, entregue para pessoas que ajudam construir a história e a memória do movimento paralímpico, foi entregue a Andrew Parsons, atual presidente do Comitê Paralímpico Internacional. Andrew foi presidente do CPB nas campanhas de Londres 2012 e na preparação do país para a Rio 2016. "Ganhar esse prêmio é de uma emoção especial. Quando criamos lá atrás esse troféu eu tinha vontade de um dia ser merecedor. Agora, que estou aqui, gostaria de dividir com todos os que me acolheram e que fazem o movimento paralímpico", afirmou o dirigente.

Estrutura

Inaugurado oficialmente em 23 de maio de 2016, o Centro de Treinamento Paralímpico fica ao lado do km 11,5 da Rodovia Imigrantes, em São Paulo. Conta com piscina coberta com dimensões olímpicas e arquibancada para mil torcedores, ginásio multiuso frequentemente usado para goaball, basquete em cadeira de rodas e badminton, campos de futebol de cinco (para deficientes visuais) e de futebol de sete (paralisados cerebrais).

O atletismo conta com estrutura completa, com pista de certificação 1 da Federação Internacional de Atletismo e arquibancada para mil torcedores, além de pista indoor para aquecimento. Completam a estrutura as quadras de tênis em cadeiras de rodas, os espaços especificamente desenhados para bocha, judô, tênis de mesa e taekwondo, além das áreas de fisioterapia e regeneração física de atletas.

Completa a estrutura do CT o alojamento com 86 apartamentos e capacidade para quase 300 hóspedes, que recebeu mais de 11 mil pessoas em 2018. O investimento total foi de R$ 305 milhões, com 187 milhões do Ministério do Esporte e o restante do governo de São Paulo. A gestão é feita pelo Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), a um custo anual estimado em R$ 30 milhões e com 265 funcionários.

Petrúcio Ferreira, destaque no atletismo. Foto: Abelardo Mendes Jr./rededoesporte.gov.br

OS DESTAQUES POR MODALIDADE

Atletismo - Petrúcio Ferreira (Paraíba)
Classe: T47
Aos dois anos, Petrúcio sofreu um acidente com uma máquina de moer capim e perdeu parte do braço esquerdo. Gostava de jogar futsal. A velocidade do atleta chamou a atenção de um treinador. Em 2018, se manteve no auge e bateu os recordes mundiais dos 100m e 200m, além de vencer todas as provas em que competiu.

Basquete em CR - Marcos Sanchez (Minas Gerais)
Classe: 3.0
Marcos foi atropelado aos 11 anos e teve as duas pernas amputadas. Conheceu o basquete em cadeira de rodas no processo de reabilitação e se apaixonou pela modalidade. Em 2018, ficou em 15º lugar no Mundial com a Seleção Brasileira.

Bocha - Maciel Santos (Ceará)
Classe: BC2
Maciel nasceu com paralisia cerebral e começou na modalidade aos 11 anos. Três anos depois, começou a representar o Brasil em competições internacionais. Hoje, é o segundo colocado no ranking mundial da classe BC2. Em 2018, foi campeão individual do BISFed World Open no Canadá e conquistou dois ouros no BISFed Regional Open de São Paulo.

Igor Tofalini conquistou o ouro no Mundial de Montemor-o-Velho, em Portugal. Foto: Rodolfo Vilela/rededoesporte.gov.br

Canoagem - Igor Tofalini (Paraná)
Classe: L2
Em 2011, o atleta participava de um rodeio profissional quando sofreu um acidente e ficou paraplégico. Começou no paradesporto na natação e, depois, migrou para a canoagem. Em 2018, se consagrou campeão mundial, em Portugal, e conquistou o bronze no Pan-Americano de canoagem.

Ciclismo - Lauro Chaman (São Paulo)
Classe: C5
Nasceu com o pé esquerdo virado para trás. Passou por cirurgia para corrigir o problema, mas o procedimento o fez perder o movimento do tornozelo. Em 2018, conquistou o título mundial de pista, na prova de scratch. Além do feito, Lauro faturou a prata no contrarrelógio no Mundial de Estrada.

Esgrima em CR - Jovane Guissone (Rio Grande do Sul)
Classe: B
Em 2004, Jovane perdeu o movimento das pernas ao ser atingido por um tiro durante um assalto. Quatro anos depois, iniciou na esgrima em cadeira de rodas e se destacou na modalidade. Em 2018, conquistou seis medalhas em etapas da Copa do Mundo no Canadá, Hungria e Itália, sendo uma de prata e cinco de bronze.

Cristian: sexto no esqui cross-country em Pyeongchang, melhor resultado da história do Brasil em Jogos de Inverno. Foto: Marcio Rodrigues/MPIX/CPB

Esportes de Neve - Cristian Ribera (Rondônia)
Classe: Sitting
Nasceu com artrogripose e, aos 15 anos, já tinha passado por 21 cirurgias para a correção das pernas. Em 2018, fez história em sua primeira participação nos Jogos Paralímpicos de Inverno de PyeongChang, ao conquistar o sexto lugar na prova de 15km do esqui cross-country. O resultado é o melhor já conquistado pelo Brasil em Paralimpíadas de Inverno.

Futebol de 5­ - Ricardo Alves (Rio Grande do Sul)
Classe: Ala esquerdo
Um deslocamento da retina aos seis anos comprometeu a visão de Ricardinho. Aos 10, o gaúcho começou a jogar Futebol de 5 e, aos 15, entrou para o seu primeiro clube. Já foi eleito o melhor jogador do mundo duas vezes: em 2006 e 2014. Em 2018, foi campeão mundial na Espanha, pela Seleção Brasileira, e artilheiro da competição.

Futebol de 7 - Evandro Gomes (São Paulo)
Classe: FT2
Evandro teve paralisia cerebral no nascimento e os movimentos dos dois lados do corpo ficaram comprometidos. Conheceu a modalidade por meio de amigos e um treinador. Em 2018, foi campeão da Copa América com a Seleção Brasileira e conquistou o ouro no campeonato brasileiro.

Goalball - Leomon Moreno (Distrito Federal)
Classe: B1
Nasceu com retinose pigmentar e conheceu a modalidade aos sete anos. Com a pouca visão que tinha, levava os irmãos para os treinos de goalball e resolveu experimentar a modalidade. Começou a praticar o goalball com 12 anos e, aos 14, começou a competir. Em 2018, foi campeão mundial na Suécia pela Seleção Brasileira e artilheiro da competição

Halterofilismo - Mariana D'Andrea (São Paulo)
Classe: até 67kg
Possui acondroplasia, popularmente conhecida como nanismo. Começou sua trajetória no halterofilismo com 16 anos, através do seu técnico. Em 2018, bateu os recordes mundiais júnior e adulto das Américas na categoria até 67kg, com a marca de 111kg. Também conquistou dois ouros no jovem e adulto no Campeonato Regional Europeu, na França.

Hipismo - Rodolpho Riskalla (São Paulo)
Classe: III
Rodolpho era cavaleiro do hipismo convencional desde os oito anos, com passagens pela Seleção Brasileira. Em 2015, adquiriu meningite bacteriana e sofreu amputação tibial das duas pernas, mão direita e dedos da mão esquerda. Em 2018, assumiu a primeira posição no ranking mundial de adestramento, no grau IV, após conquistar duas medalhas de prata nos Jogos Equestres Mundiais nos Estados Unidos.

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Alana Maldonado conquistou o ouro no Campeonato Mundial de Judô. Foto: Cleber Mendes/MPIX/CPB

Judô - Alana Maldonado (São Paulo)
Classe: até 70kg
Foi diagnosticada com a doença de Stargardt aos 14 anos. Já praticava a modalidade desde os quatro, mas, somente em 2014, quando entrou na faculdade, começou no judô paralímpico. Em 2018, conquistou medalhas de ouro no Open Internacional na Alemanha e no Brasil, prata na Copa do Mundo na Turquia e o ouro no Campeonato Mundial da modalidade, em Portugal, feito inédito para o judô paralímpico brasileiro.

Natação - Daniel Dias (São Paulo)
Classe: S5
Daniel nasceu com má formação congênita dos membros superiores e na perna direita. Apaixonado por esportes, descobriu o paradesporto ao assistir pela TV o nadador Clodoaldo Silva, nas Paralimpíadas de Atenas, em 2004. Em 2018, bateu o recorde mundial nos 50m livre, foi bicampeão geral do World Series 2018 e conquistou sete medalhas no Parapan-Pacifico, na Austrália.

Parabadminton - Vítor Tavares (Paraná)
Classe: SS6
Vitor tem nanismo e conheceu o parabadminton por meio de um projeto na escola em que estudou. Em 2016, começou a disputar torneios nacionais e internacionais e se tornou destaque na modalidade, quando passou a ser convocado frequentemente para a Seleção Brasileira. Hoje, é o número sete do mundo e foi campeão em todas as provas que participou na temporada.

Parataekwondo - Débora Menezes
Classe: K44
Nasceu com deficiência congênita no braço direito. Em 2013, foi convidada pela faculdade em que estudava para conhecer o taekwondo e se identificou com a modalidade. Este ano, foi campeã brasileira e conquistou quatro medalhas em competições internacionais, sendo duas de prata e duas de bronze.

Remo - Diana Barcelos e Jairo Klug (2 atletas)
Classe: LTA
Diana Barcelos (Rio de Janeiro): Amputada de perna, Diana iniciou no remo em 2016. Em sua trajetória recente conquistou vários resultados nacionais e internacionais expressivos. Em 2018, junto com sua dupla, Jairo Klug, foi campeã mundial no barco PR3 Mix2x.

Jairo Klug (São Paulo): Um acidente de moto o fez perder os movimentos dos dedos e de extensão de punho da mão esquerda. O atleta remava havia mais de dez anos e chegou a disputar os Jogos Pan-Americanos do Rio 2007. Em 2012, ingressou no remo adaptado. Neste ano, com Diana Oliveira, foi campeão mundial no barco PR3 Mix2x.

Rugby em CR - José Raul Schoeller (Santa Catarina)
Classe: 0.5
Ficou tetraplégico em 2007, vítima de um acidente de carro. Conheceu o rugby em cadeira de rodas durante a sua recuperação. Em 2011, recebeu o primeiro convite para participar da Seleção Brasileira. Em 2018, foi campeão e o melhor atleta da sua classe na Copa Brasil. Com a Seleção Brasileira foi prata no Four Nations Cup, na Alemanha.

Cátia Oliveira: prata na Classe 2 do tênis de mesa no Mundial da Eslovênia. Foto: Roberto Castro/rededoesporte.gov.br

Tênis de mesa - Cátia Oliveira (São Paulo)
Classe: 2
Em outubro de 2007, aos 16 anos, Cátia sofreu um acidente de carro e ficou tetraplégica. A atleta era jogadora de futebol e, após se recuperar do acidente, conheceu o tênis de mesa através do convite de uma amiga. Desde então, se dedica a modalidade. Em 2018, a mesatenista conquistou a medalha de prata no Mundial na Eslovênia, o melhor resultado da história da modalidade em mundiais.

Tênis em CR - Ymanitu Geon (Santa Catarina)
Classe: Quad
Ymanitu sofreu um acidente de carro em 2007 e ficou tetraplégico. Durante a reabilitação conheceu o tênis em cadeira de rodas e passou a se dedicar profissionalmente. Em 2018, foi campeão do Israel Open e Beer Sheba Open. Atualmente, é o oitavo do ranking mundial de simples, com vitórias em 26 partidas de 36 que disputou no ano.

Tiro com arco - Jane Karla (Goiás)
Classe: ARW2
Teve poliomielite aos três anos, o que prejudicou seus movimentos das pernas. Iniciou a carreira como atleta do tênis de mesa e, em 2014, conheceu o tiro com arco. Em 2015, passou a se dedicar somente à modalidade. Em 2018, conquistou o ouro no Parapan-Americano da Colômbia e é a atual segunda colocada no ranking mundial.

Tiro esportivo - Geraldo von Rosenthal (Rio Grande do Sul)
Classe: SH1 e SH2
Desde criança tem gosto pelo tiro esportivo. Começou a praticar a modalidade profissionalmente em 2007, após convite de um amigo. A partir de então, conquistou várias medalhas nacionais e internacionais. Em 2018, conquistou as medalhas de prata nas Copas do Mundo do Emirados Árabes e França. Além de ter liderado o ranking nacional nas provas de pistola sport, livre e standard.

Triatlo - Jessica Ferreira (São Paulo)
Classe: PTWC
Perdeu o movimento das pernas depois de sofrer um acidente de carro. Logo após sua recuperação conheceu o ciclismo e obteve rápido destaque. Começou no triatlo em 2017 e se encontrou no esporte. Em 2018, conquistou o ouro na Copa do Mundo dos Estados Unidos e o bronze na Copa do Mundo da Espanha.

Voleibol sentado - Wescley Oliveira (Rio de Janeiro)
Classe: Meio de rede
Foi vítima de atropelamento e teve a perna esquerda amputada aos 16 anos. Em 2003, descobriu o vôlei sentado e começou a praticar a modalidade. Este ano, conquistou o bronze com a Seleção Brasileira no Mundial na Holanda, sendo eleito o melhor atleta da competição. 

Galeria de fotos (imagens disponíveis em alta resolução para uso editorial gratuito. Crédito: Abelardo Mendes Jr/ rededoesporte.gov.br)

Prêmio Paralímpicos 2018

Gustavo Cunha, de São Paulo - rededoesporte.gov.br