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23/03/2015 15h20

500 dias: Turismo trabalha para que Jogos transcendam o Rio

Ministro Vinícius Lages comenta o aprendizado deixado pela organização da Copa e destaca as Olimpíadas como um novo momento de consolidação da imagem nacional para o mundo

A realização da Copa do Mundo em 2014 consolidou alguns conceitos para o país em termos de organização de megaeventos. Um deles é que os turistas não se restringem às cidades-sede do evento. Durante o Mundial, 491 municípios receberam visitantes. Por isso, para os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de 2016, a ideia do Ministério do Turismo é promover ainda mais o fluxo de pessoas entre diversos destinos e ampliar o tempo de permanência delas no país.

A 500 dias da abertura dos Jogos, a pasta trabalha com ferramentas como o BrazilPass, para facilitar o deslocamento dos turistas entre diferentes cidades e promover viagens para além da capital fluminense. Outra meta é que 2016 seja conhecido como o Ano Olímpico do turismo brasileiro e represente uma oportunidade de projeção do país no exterior.

“Todos os que visitam o Rio se tornam embaixadores da cidade e do Brasil. É importante trabalhar nessa perspectiva de sustentar essa boa imagem que nós vamos, com certeza, construir e apresentar para o mundo mais uma vez”, afirma Vinícius Lages. Ele analisou ainda temas como aeroportos, hospedagem, centros de atendimento e informação digital.

Confira a entrevista:

Legados da Copa

Aprendemos muito sobre planejamento e oferta turística quando sediamos megaeventos. Desde 2003, quando o Ministério do Turismo foi criado, temosfeito um esforço com entidades do turismo para a captação de grandes eventos para o Brasil. O país atingiu posições no ranking muito elevadas, demonstrando que temos grande capacidade de organização. As grandes aprendizagens estão relacionadas, portanto, a uma capacidade de gestão e à qualificação dessa oferta turística. O Brasil investiu muito em infraestrutura, sobretudo na Copa, melhorando mobilidade, facilitando o acesso de destinos importantes. Tivemos quase 500 cidades visitadas durante o período do Mundial. Isso mostra que o Brasil tem uma oferta diversificada. Outra grande aprendizagem foi na capacidade de mobilizar o setor público na oferta de serviços ligados à informação, à segurança. Nesse sentido, o Brasil se considera hoje um país preparado para enfrentar mais um megaevento como os Jogos Olímpicos.Gustavo Messina/Mtur

Turismo além do Rio

Os Jogos Olímpicos são um evento com data para começar e acabar. O Brasil deve aproveitar a janela de oportunidades que a projeção de imagem vai dar ao longo desses meses que antecedem o evento para esticar ao máximo o calendário no que eu tenho chamado de o “Ano Olímpico” do turismo brasileiro. Já tivemos feiras internacionais, como a ITB em Berlim (Alemanha), e já estamos tratando dos Jogos Olímpicos. Vamos intensificar a visibilidade do país por meio dos Jogos Olímpicos e mostrar que estamos de braços abertos desde então.

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Passaporte olímpico

A ideia é organizar a informação para que o turista possa saber que o Brasil é um país fácil de visitar e para que ele possa já se preparar, sem apenas esperar o período dos Jogos Olímpicos, mas para vir ao país durante todo este ano. Estamos trabalhando na ideia de construir um BrazilPass, uma facilitação para viagens além do “ponto a ponto”. Muitos turistas dos Jogos Olímpicos virão apenas ao Rio, mas queremos esticar a permanência deles no país trabalhando mais um destino.

Aeroportos

Já demonstramos que, nesse campo, o Brasil teve e ainda tem uma apreciação positiva dos turistasnos diversos eventos, como réveillon e carnaval. O aeroporto de Brasília bateu recorde de movimentação no ano passado, se tornando o segundo maior hub de passageiros do paísdepois de Guarulhos. Além do Galeão, que se prepara e se requalifica, temos aeroportos também nas outras portas de entrada do país. Estaremos integrados ao governo do estado e à prefeitura do Rio organizando o acolhimento, os Centros de Atendimento ao Turista, prestando informação. A experiência turística integra vários momentos, na chegada ao aeroporto, no deslocamento, com informação turística, na visitação à cidade. O Rio de Janeiro está passando por uma transformação excepcional na infraestrutura, de modo que estaremos mais preparados do que estivemos na Copa para acolher quem vai nos visitar durante o período dos Jogos Olímpicos.

Hospedagem

Os investimentos já estão sendo feitos e está em construção uma rede hoteleira que se qualifica. Tambémse prepara informação sobre hospedagem alternativa, como Cama e Café e todos os outros meios para dar conta de um público de poder aquisitivo variado. Eu acredito que não há necessidade de expansão dessa rede hoteleira no curto prazo. Muitos hotéis ainda estão em construção. Na Copahouve uma linha de crédito do BNDES, mas acredito que não há necessidade de se criar outra específica para isso, até porque falta pouco tempo e já há muitos hotéis planejados. Eu acredito que está adequado. O FOHB (Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil) aponta que o setor continua investindo. Em 2015 e 2016, dependendo da expansão do mercado interno e internacional, o investimento vai continuar, mas já temos, sim, meios de hospedagem suficientes e adequados para essa oferta que o Rio precisa fazer para os Jogos.

Sinalização e informação digital

Aportamos investimentos em sinalização turística desde a Copa, e o Rio continua instalando essa sinalização, mas acreditamos que o grande esforço vai ter que ser feito do ponto de vista da informação digital. O Rio tem que se tornar uma cidade onde a banda larga seja a mais adequada possível para o tráfego de informações. No mundo inteiro há esse tema dos destinos inteligentes, em que você tem uma nuvem de serviços, com aplicativos, informação desde o ponto de chegada. Hoje você tem que começar a despertar interesse e curiosidade do turista desde quando ele está planejando vir ao Brasil. Nós podemos atiçar a curiosidade dele para outras cidades e oferecer a banda larga,até mesmo para que o Rio e o Brasil possam se projetar para o mundo com as diferentes redes sociais. Vamos investir nisso, trabalhando firmemente para consolidar uma infraestrutura de informação pelo marketing digital.

Atendimento ao Turista

Iniciamos um trabalho de aproximação com a Autoridade Pública Olímpica e os governos do município e do estado. Estamos definindo essa matriz de responsabilidades, sobre informação e atendimento ao turista, essa hospitalidade do primeiro contato, do aeroporto aos pontos de maior visitação e também nos locais dos jogos. Há um grupo de trabalhotratandodesse tema. Vamos analisar a adequação de serviços alocados nesses centros. Muito em breve teremos todo esse planejamento concluído para podermos anunciar a quantidade de centros novos ou a requalificação dos que já existem na cidade do Rio de Janeiro.

Qualificação

Isso também faz parte do plano de trabalho que estamos desenvolvendo no grupo criado dentro da Autoridade Pública Olímpica. Haverá um pico de demanda grande, sobretudo na rede hoteleira, de serviços qualificados. Estamos dimensionando essa demanda para ajustar com as entidades que nos apoiaram no Pronatece definir uma agenda até o início dos Jogos de preparação desses serviços e de mão de obra qualificada. Estamos também junto ao Ministério da Educação preparando uma nova linha de capacitações para esse grande evento.

Acessibilidade

Os Jogos Paraolímpicos chamam ainda mais atenção para esse tema, sobretudo pelo número de pessoas com limitações que vão visitar o país. A ação que o ministério desenvolve é de adequação da infraestrutura, de recomendações para rede hoteleira, bares, restaurantes e serviços turísticos. A terceira idade também pode ter necessidade de adequação da infraestrutura de acesso, então é uma preocupação crescente. O aplicativo “Turismo Acessível” (www.turismoacessivel.gov.br) continua funcionando e serve para os Jogos Olímpicos. Ele informa ao turista onde elepode encontrar equipamento acessível, por meio deuma avaliação feita na plataforma colaborativa. O turista pode baixar o aplicativo e ter informações sobre o Rio de Janeiro e outras cidades.

Pós-Jogos

Talvez o maior desafio seja trabalhar esse legado de imagem e enquanto um destino turístico memorável, de experiências muito interessantes de serem revividas e compartilhadas com outros que sonham vir ao Brasil.Vimos na Copa que quem visita o Brasil gosta, quer voltar e recomenda. A gente imagina que será a mesma coisa durante os Jogos Olímpicos. Muitas cidades serão visitadas e o Rio de Janeiro, grande porta de entrada, é um destino querido e desejado. Nós temos uma oportunidade de projetar o Brasil em definitivo como destino internacional. O Rio vai estar com a infraestrutura readequada, com oferta turística qualificada, não apenas em praias, que é o tradicional, mas também do turismo cultural, do turismo de montanha. Para consolidar o Brasil como destino internacional, é preciso fazer um trabalho de sustentação desse posicionamento, com ações da Embratur, de mercado internacional, e articular o turismo com a atração de investimentos, de talentos. O Rio é sede de investimentos internacionais na área de indústria, e é preciso que o turismo acompanhe também as viagens corporativas, formadoras de opinião no mundo. Todos os que visitam o Rio se tornam embaixadores da cidade e do Brasil. Então é importante trabalhar nessa perspectiva de sustentar essa imagem que vamos construir e apresentar ao mundo mais uma vez.

Expectativa

É uma expectativa muito positiva. O Brasil vive um momento especial pela requalificação de sua estrutura. A cidade do Rio de Janeiro, que é a sede e vai ser o grande cartão de visitas do Brasil, está se preparando de forma competente para se apresentar renovada, moderna e integrada para o mundo. Do ponto de vista dos Jogos, o Ministério do Esporte e o governo brasileiro têm feito um esforço para tornar o nosso esporte de alto rendimento algo que nos dê uma chance de conquistar mais medalhas. A infraestrutura está ficando bacana, bonita, é um grande legado físico para o Rio, e de uma plataforma de possibilidades. Os esportes são um grande eixo de desenvolvimento em muitos países, e a gente espera que o Rio saiba fazer isso de forma a tornar essa infraestrutura um legado permanente para a atração de novos eventos e de novos fluxos de pessoas, investimentos e turistas.

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Ana Cláudia Felizola – brasil2016.gov.br