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23/03/2015 15h30

500 dias: Esporte destaca o legado imaterial deixado pelos Jogos

Para o ministro George Hilton, intercâmbio cultural e Sistema Nacional do Esporte estão entre os principais ganhos da realização do megaevento

A infraestrutura esportiva e os impactos econômicos e no mercado de trabalho estão entre os mais costumeiros exemplos de legado citados em torno dos Jogos Olímpicos. Ainda que reconheça a importância dessa face, o ministro do Esporte, George Hilton, costuma reforçar um outro tipo de consequência dos megaeventos, menos palpável, mas estratégica.

“Não tenho dúvidas de que o comércio cresce, a indústria produz mais, você gera empregos, há empresas estrangeiras vindo para o país e todo um interesse de investimentos, mas acho que o grande ganho é cultural, é passar experiências”, afirma. Segundo ele, o intercâmbio de culturas fará parte do legado imaterial deixado ao país, aliado a outros benefícios, como o incentivo à prática de esportes por crianças e adolescentes, motivadas pelas novas estruturas que terão à disposição em todo o país por meio da Rede Nacional de Treinamento. “O Sistema Nacional do Esporte é o que há de mais real em termos de legado de um período que estamos vivendo desde 2007 com eventos mundiais”, diz Hilton.

Confira a entrevista:

Obras olímpicas

Temos hoje um cronograma de obras com etapas sendo cumpridas. Tínhamos uma dificuldade pequena com o velódromo, que já foi superada. Tanto no complexo da Barra quanto em Deodoro, e agora com a atualização da nossa matriz de responsabilidades, a gente vê em algumas obras que o nosso nível de amadurecimento já é bem considerável.

Influência para a nova geração

O legado imaterial é comprovado. A última Olimpíada, em Londres, despertou muito isso na base, um interesse grande nos jovens de praticarem esporte. É claro que o Brasil tem dimensões continentais, e alimentar um legado imaterial como esse precisa ser por meio de uma legislação. Aí entra o Sistema Nacional, que vai chamar governadores, prefeitos, e exigir deles que haja um planejamento estratégico de médio e longo prazo. Vamos dar as diretrizes para os entes federados. Você tem que ter uma diretriz que faça com que todo o planejamento não só aconteça, mas tenha continuidade. Não só o poder público, mas também o setor privado, que engloba confederações, federações, clubes, ligas. Eu vejo que o Sistema Nacional do Esporte é o que há de mais real em termos de legado de um período que estamos vivendo desde 2007 com eventos mundiais.

Ivo Lima/ME

Intercâmbio cultural

Eu acredito que os Jogos não só vão fomentar o turismo como também vão estabelecer um intercâmbio cultural. O grande ganho dessa quantidade de estrangeiros, vindos de várias nacionalidades, é que eles trazem um pouco da sua cultura. Esse intercâmbio, a meu ver, é um grande ganho dos Jogos e dos eventos internacionais. Não tenho dúvidas de que o comércio cresce, a indústria passa a produzir mais, você gera empregos, há empresas estrangeiras vindo para o país e todo um interesse de investimentos, mas o grande ganho é cultural, é poder passar experiências. A política maior do turismo tem que ser a de receber bem. O Brasil amadureceu muito, hoje existe uma política de preparação e a gente espera que, com isso, o Brasil continue atraindo, depois dos Jogos, um número maior de turistas.

Rede Nacional de Treinamento

A nossa preocupação é que, com o passar dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos, essa rede nos permita democratizar e popularizar, levar essa dimensão de esporte para a base. Ou seja, você tem o Centro de Iniciação ao Esporte, mas vai ter também outras estruturas menores que vão contar com o suporte tanto do COT como também dos centros de treinamento que vamos criar nos estados.

Centro Olímpico de Treinamento (COT)

O COT vai alimentar a Rede Nacional de Treinamento e vai ser o ponto de início do Sistema Nacional de Esporte que será implantado no Brasil. A partir do Rio de Janeiro, teremos em todo o país a ampliação desses espaços. O COT vai servir como uma espécie de universidade do esporte. Você começa a defender um legado não só material com esses equipamentos, mas também vai poder trabalhar a ciência do esporte. Vai ser um grande centro de formação de preparadores físicos e atletas. Vai poder gerar para o Brasil o que a gente chama de legado imaterial, que é despertar na população a vontade de praticar esportes.

Leia também:

» Rede Nacional de Treinamento 

» Plano Brasil Medalhas 

» Bolsa Atleta Pódio 

» Centros de Iniciação ao Esporte

Jogos Paraolímpicos

O governo tem uma preocupação tão grande com esse tema que estamos construindo um centro paraolímpico em São Paulo com o que há de mais moderno. Não só queremos ter um bom desempenho no Rio como queremos fortalecer a prática do esporte paraolímpico. A Rede Nacional de Treinamento tem outra preocupação, em parceria com a Secretaria Nacional de Direitos Humanos, de começar a oferecer uma política de acessibilidade para as pessoas dentro desses espaços que estão sendo construídos. Isso também para a base, e não só no alto rendimento, que é a nossa grande vitrine em termos de medalhas. Mas fazer com que na base as pessoas com deficiência também tenham no esporte um grande estímulo para continuar.

Maiores desafios

O nosso grande desafio chama-se medalhas. O governo investiu o necessário em infraestrutura esportiva. Temos o Plano Brasil Medalhas, que é ousado, com atletas subsidiados e bolsas que os levam para fora do país para treinarem, terem acompanhamento com profissionais, como fisioterapeutas e nutricionistas. A ideia do Bolsa Pódio é baseada na premissa de que aqueles que têm mais condições de chegar ao pódio precisam ter acompanhamento maior. A gente sabe que as obras ficarão prontas e que a abertura será um grande sucesso, mas queremos ver nossos atletas olímpicos e paraolímpicos subindo ao pódio.

Ineditismo do evento

Todo evento feito pela primeira vez é cheio de desafios. O Brasil certamente vai sediar outros eventos com essa grandeza, e a gente tem a humildade de saber que podemos não acertar 100%, mas a vontade de acertar está em todos nós, em todos os ministérios, atletas, entes envolvidos. E as lições que a gente obteve desde os Jogos Pan-Americanos estão nos ajudando a dirimir eventuais erros que possam acontecer.

Efeito da Copa

A Copa foi um sucesso porque seguiu os princípios que hoje regem as organizações em todo o mundo. Houve uma evolução muito grande e, ao contrário do que muitos imaginavam, as arenas ficaram prontas, houve todo um planejamento também da área de mobilidade, avanços importantes na estrutura portuária, aeroportuária e rodoviária. Essa expertise servirá como ponto importante para as Olimpíadas. Os Jogos são um evento mais complexo, que envolve mais modalidades, mais países, mas acredito que a experiência da Copa, inclusive do ponto de vista de expectativa, é outra. Hoje o brasileiro e os meios de comunicação já têm uma visão diferenciada da expectativa para os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos.

Trabalho integrado

Esse foi o sucesso da Copa. O planejamento do governo levou em conta que eram necessárias ações bem integradas, com vários ministérios envolvidos, os estados e municípios, e a lógica (para os Jogos) está sendo essa também. Temos hoje um grupo interministerial que dialoga de maneira permanente com o estado, a cidade do Rio de Janeiro e a Rio 2016. O COI, que é extremamente crítico e cobra esse aperfeiçoamento das relações do poder público na execução das obras, saiu daqui extremamente convencido de que o momento é outro, bem diferente da última visita que eles tinham feito.

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Ana Cláudia Felizola – brasil2016.gov.br