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23/03/2015 15h28

500 dias: Casa Civil atua na coordenação das ações federais para os Jogos

Ministro-chefe da pasta, Aloizio Mercadante explica como se dá o trabalho de integração entre as diversas pastas, ressalta a importância do legado e destaca como a competição projeta o Brasil para o mundo

Os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos representam o maior evento do planeta, não apenas do esporte, mas de qualquer outro setor. Organizá-los, para qualquer país, é um desafio que requer a colaboração de diversas pastas governamentais, como Defesa, Turismo, Saúde, Aviação, Relações Exteriores, entre outras. No Brasil, o papel de coordenar esses atores cabe à Casa Civil.

O brasil2016.gov.br conversou com o ministro-chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante. Ele ressaltou como as lições e o aprendizado da Copa do Mundo FIFA 2014 ajudarão o país a organizar as Olimpíadas e as Paraolimpíadas. Falou sobre os resultados que o Brasil pretende atingir ao sediar os Jogos. Detalhou como funciona a atuação da Casa Civil e até revelou quais esportes gostaria de acompanhar de perto em 2016, embora acredite que não deverá ter muito espaço para isso, a exemplo do que ocorreu no Mundial de Futebol. “Eu não consegui ir a nenhum jogo da Copa. Fiquei em todos aqui no Centro de Comando e Controle Nacional, monitorando os jogos, acompanhando a preparação...”, recordou.

Confira a entrevista

O papel da Casa Civil

A Casa Civil tem o papel de coordenação, especialmente quando há atividades interministeriais. No caso da Copa do Mundo, por exemplo, tínhamos 17 ministérios que trabalhavam coordenados pela Casa Civil. Evidentemente, o Ministério do Esporte é a atividade mais diretamente vinculada, mas você tinha o Ministério da Defesa, o Ministério da Justiça e a Polícia Federal trabalhando juntos nos aeroportos; a Secretaria de Aviação Civil, para a reforma dos aeroportos; os portos, com a Secretaria dos Portos; tinha toda a parte de segurança que era coordenada por todos esses comitês junto com os governos estaduais; tinha o Ministério da Saúde... Enfim, é bastante complexa a gestão.

Tínhamos um Centro de Comando e Controle em Brasília e em todas as capitais onde havia jogos (da Copa) para monitorar todas as áreas e fazer o planejamento. Além da estrutura, que é a parte mais visível, tem todo um conjunto. Você imagina que agora, nas Olimpíadas, vamos ter 205 nações. Podemos ter aqui mais de 100 chefes de estado. Você tem que ter a segurança de um a um, a comitiva, o deslocamento, recepção... Vêm personalidades do mundo inteiro. A Olimpíada é o maior espetáculo da terra. É maior do que a Copa e mais complexo do que a Copa. É mais concentrado também no Rio de Janeiro, mas hoje, no planejamento, temos atividades no país inteiro.

A organização dos Jogos Olímpicos a 500 dias da abertura

Quase tudo o que planejamos está sendo executado. A Prefeitura do Rio de Janeiro, o Governo do Estado do Rio de Janeiro e o governo federal trabalham fortemente em parceria. As obras logísticas estão encaminhadas e a estrutura esportiva e os centros esportivos estão quase todos dentro do cronograma. A parte de recepção da imprensa, que é um grande centro, o IBC, também está encaminhado. Tem a Vila do Atletas... São várias obras conexas no Rio e nós desenvolvemos centros de esporte de alto rendimento em vários estados, exatamente para que a Olimpíada deixe como legado esse espírito olímpico e especialmente a preparação cada vez mais coordenada e mais eficiente dos atletas brasileiros para os futuros Jogos Olímpicos.

A integração do governo

José Cruz/ABr
José Cruz/ABr#
É um desafio maior (do que a Copa). São 42 modalidades esportivas e mais de 10 mil atletas e 205 países devem estar presentes. Agora é basicamente concentrado na cidade do Rio e, então, tem um problema de acolhimento desses turistas, a parte de segurança, de logística. Mas o Brasil já é a sétima maior economia do planeta e estamos preparados para isso. Acho que a Copa nos deu experiência. Fora do campo nós demos um show de bola. Perdemos dentro do campo. Agora precisamos dar um show fora do campo, e nas pistas e outras modalidades. Por isso há também um conjunto de políticas públicas para estimular os atletas que vão disputar essas competições, para que a gente possa ter um melhor posicionamento no quadro de medalhas.

O aprendizado com a Copa do Mundo

O planeta inteiro vai estar olhando para o Brasil. Então é uma grande oportunidade de mostrarmos o que somos como sociedade, como povo, como cultura e como identidade. Esse imaginário que a Olimpíada deixa pode gerar turismo ao longo dos próximos anos, nas próximas décadas, das pessoas quererem conhecer o Brasil que viram através das Olimpíadas. Temos que acolher bem os turistas e fizemos muito bem isso na Copa. Eles saíram satisfeitos do Brasil pela recepção que o povo brasileiro deu com essa nossa cultura de festa, de dança, de música e de uma culinária muito rica. Acho que esse acolhimento e essa imagem podem ser a grande projeção do Brasil em toda a economia e em todo o planeta. E isso trará novos negócios, mais emprego, mais atividade econômica e, principalmente, mais turismo.

O legado dos Jogos Rio 2016

O principal legado imaterial é o espírito olímpico. É você saber perder, saber ganhar, respeitar as regras, ter uma atitude de convivência com os adversários na competição e sair comemorando por ter participado. Então, acho que esse espírito olímpico e o esporte como atividade humana é a grande contribuição. Espero que o Brasil saia fortalecido não só para essa Olimpíada, mas para todas as outras que virão. Isso projeta a nação, o povo brasileiro e o nosso país.

O segundo grande legado é material. Estamos deixando equipamentos esportivos de ponta, centros de alto rendimento, equipamentos e centros para as Paraolimpíadas, e trabalhamos com as universidades federais, com os quartéis, onde também há uma estrutura esportiva importante de respaldo ao que está sendo feito. Então, é toda uma rede que está sendo montada para que a gente possa, depois, dar continuidade a esse trabalho.

Por último, o mais importante é que esse espírito olímpico chegue à sala de aula e à escola pública e que nossos estudantes comecem a olhar o esporte com mais seriedade, motivação e passem a sonhar que podem ser um atleta olímpico e a acreditar que eles podem ser. A prática esportiva gera sociabilidade, valores, ajuda na prevenção da saúde e é uma atividade humana das mais ricas, das mais complexas e das mais interessantes. O Brasil vai ser o centro do planeta em 2016 em tudo o que diz respeito ao esporte.

A importância do esporte para a sociedade brasileira

O Nelson Rodrigues dizia que a Seleção Brasileira era a Pátria de Chuteiras. Em 1958 e 1962, quando ganhamos as primeiras Copas, começou um processo de superar um passado colonial, ou como Nelson Rodrigues dizia, o complexo de vira-latas. Nós, então, temos mais autoestima, segurança como nação, como povo e como sociedade. Avançamos muito de lá pra cá. Somos o país que mais venceu o campeonato no planeta, somos pentacampeões, e estamos avançando agora no basquete, no vôlei, no tênis, na corrida, na ginástica, que é uma novidade, na natação, que somos muito fortes... Então, estamos nos desenvolvendo. O povo brasileiro tem uma habilidade, uma criatividade, uma ginga, um jeito de ser que contribui. E essa mistura de raças, que é a nossa identidade, ajuda na prática esportiva. Então, acho que a Olimpíada é um grande momento de potencializarmos esse sentimento de nação e, principalmente, deixarmos no coração de cada estudante brasileiro esses valores e esses símbolos de um jogo que representa a paz mundial e a competição mais saudável entre as nações, que é esse espírito olímpico que vem desde a Grécia antiga.

A experiência de ver de perto os Jogos Olímpicos

Eu tive essa experiência, apesar de ser em atividade oficial. Nunca pude ir de calça e camisa para os jogos. Inclusive, nos últimos, na Inglaterra (em Londres 2012), eu estive com a presidenta Dilma. Nós fomos nas atividades de abertura e fui lançar uma série de programas do Ciência Sem Fronteiras. Ficamos só alguns dias, mas foi interessante. É uma emoção grande. É um espetáculo majestoso.

O que gostaria de assistir no Rio em 2016

Até a minha juventude eu pratiquei muito esporte. Joguei muita bola, era da seleção da USP e joguei futebol de campo e salão a vida inteira. Eu era ponta esquerda e depois lateral esquerdo. Eu sou canhoto. Depois, com o tempo, fui jogando mais atrás, porque na frente era complicado. Sempre joguei pela esquerda. Na política também, sempre pela esquerda. Depois joguei vôlei, pelo time da economia nos Jogos Universitários, e handebol. Fiz natação, pois morei muitos anos perto da praia e então disputei muitos campeonatos de natação. Sempre pratiquei muito esporte, mas, hoje em dia, evidentemente, é impossível, não só pela idade, mas pela vida que eu levo. Mas é fundamental ter essa oportunidade, que é sagrada, de poder praticar um esporte e ter essa convivência, essa amizade, essa relação... Isso abre um monte de oportunidades na vida e é um prazer único.

No Rio, eu gostaria de ver esses esportes que mencionei, além do basquete, do vôlei, do handebol, que acho um esporte fantástico. Tem a ginástica... Sou muito aberto ao esporte e ao que puder (assistir)... Se é que eu vou poder, porque eu vou estar na coordenação. Eu não consegui ir a nenhum jogo da Copa. Fiquei em todos aqui no Centro de Comando e Controle Nacional, monitorando os jogos, acompanhando a preparação, as delegações, as autoridades, a segurança, a parte de energia... Enfim, é complexo o sistema. Nós temos uma sala que monitora tudo e acho que vou estar na retaguarda o tempo inteiro. Mas se der para dar uma escapada... Quem sabe mais para o final eu vou.

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Luiz Roberto Magalhães - brasil2016.gov.br