Leci Brandão e Tantinho celebram amizade e o Partido Alto

Na noite deste sábado (27), a Casa Brasil abre as portas para Leci Brandão e Tantinho da Mangueira, que realizarão o show Partido alto, samba de fato. No repertório, sucessos da carreira dos dois músicos e improvisos feitos em cima de versos de partido-alto estilizados. A apresentação, que faz parte da programação cultural dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos, será realizada às 19h, no Armazém 2, com entrada franca.

O show integra o projeto O Século do Samba, que vem sendo promovido pelo Banco do Brasil em várias cidades brasileiras. Além de Leci e Tantinho, também já se apresentaram na Casa Brasil dentro do projeto os músicos Nei Lopes e Monarco (Terreiro e carnaval), Jards Macalé e Pedro Luís (Samba de breque e outras bossas) e Os Prettos e João Martins (Samba novo).

Satisfeita com o convite para se apresentar na Casa Brasil, Leci Brandão destaca que cantar no Rio de Janeiro é sempre uma honra. "Percorrermos com esse show algumas cidades, como São Paulo, Brasília e Belo Horizonte. Quando recebemos o convite para nos apresentarmos na programação especial da Casa Brasil, ficamos muito contentes", afirma.

A parceria reeditada para a apresentação deste sábado é fruto de uma amizade antiga. Foi Tantinho que levou a jovem Leci Brandão para a ala de compositores da Estação Primeira de Mangueira. "Em 1971, Tantinho me deu a oportunidade de fazer um estágio de um ano como compositora da escola, e um ano depois recebi a carteira oficial. Estar cantando com ele em 2016, com toda essa história juntos, é uma glória", comemora.

Para o show, são esperados sucessos como Papai vadiou e As coisas que mamãe me ensinou, músicas que marcaram a retomada da carreira de Leci nos anos 80. "Naquela época, fiquei cinco anos sem gravar, até que recebi um convite da Gravadora Copacabana, em 1985. Irei cantar amanhã algumas canções daquele disco, entre elas Isso é fundo de quintal. Além disso, o público poderá ouvir músicas como Santas almas benditas, sucesso de 1978", adianta.

Durante a apresentação, como é costume nas rodas de Partido Alto, o público verá ainda um duo de improvisos entre Leci e Tantinho, com os versos das músicas Quem mandou duvidar e Quem samba fica. A clássica música Zé do Caroço, censurada durante a Ditadura Militar pela gravadora de Leci, também estará no repertório do show. "Só pude gravar essa música em 1985. Depois disso, muitos outros artistas a regravaram, como Art Popular, Grupo Revelação, Ana Carolina e Seu Jorge, Mariana Aydar. Até entrar na trilha sonora do filme Tropa de Elite 2. É uma música muito forte, baseada em fatos reais", destaca.

Para Tantinho, a expectativa de realizar um show em "casa" e em um lugar muito especial, a Casa Brasil, dentro do Porto Maravilha, é muito positiva. "Esse espetáculo ficou muito bom, por onde passamos o público tem sido muito receptivo, caloroso. Imagina cantar amanhã, no Rio. Só temos a agradecer", elogiou.

O compositor ressaltou a parceria musical e a amizade que tornam esse show um momento ainda mais simbólico para os dois. "Eu e Leci temos uma grande amizade, temos uma afinidade enorme e, no palco, a gente se completa. Quando a conheci, na década de 70, a Ala de Compositores da Mangueira não aceitava ter uma mulher em seus quadros. Havia muito machismo, eu briguei por ela. Eu falei: a menina vai ficar, é excelente compositora e todo mundo conhece as obras dela. O resultado não podia ser outro. Na época era inovador, tirando Dona Ivone Lara quase não havia mulheres compositoras. Quando comecei, por ser muito novo, passei pela mesma coisa. Entrei com 13 anos e Cartola me defendeu", conta, sorrindo.

Dedicado mais ao improviso, Tantinho conta que o público sempre participa muito, o que deixa o samba ainda mais animado. "Fora das improvisações, vou cantar uma música do Cartola que eu gosto muito, que vai abrir o samba, Fiz por você o que pude".

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Ministério da Cultura